terça-feira, 31 de maio de 2011

Mendigos do amor

Os mendigos de afeto estão pelas ruas,
e andam tão carentes do pão do amor,
que se entregam a paixões duvidosas,
entregam coração e alma na mão de quem souber oferecer,
palavras doces, abraços afetuosos e elogios,
mesmo que sejam mentiras, mas que sejam mentiras adocicadas.

Como quem tem sede no deserto, aceitam beber de qualquer água,
e vêem coisas que só eles mesmo vêem,
verdadeiras miragens que enganam os olhos e o coração.
Os mendigos de afeto não conseguem enxergar além da emoção,
e vão aceitando relacionamentos cada vez mais estranhos,
aceitando migalhas do banquete,
restos de amor que caem pelo chão,
aceitam desculpas esfarrapadas,
violência gratuita,
humilhações, trapaças,
enganos e desenganos,
e sofrem, mas se confortam com o pouco...

Até que a dor se torna tão forte, que acordam,
saem do relacionamento de esmola e se trancam,
juram nunca mais entregarem-se ao amor,
que pensam ter vivido,
quando na verdade, nem o conheceram,
recolheram apenas as sobras de afeto,
que aceitaram pela "fome" de atenção.

Mesmo o mais miserável dos mendigos merece respeito,
e muitas pessoas não andam se respeitando,
aceitando qualquer moeda, qualquer palavra falsa,
desde que preencha o buraco enorme que alimentam na alma,
buraco da solidão, da falta de auto-estima,
falta de crenças verdadeiras, de objetivos na vida.

Preencha-se primeiro!
Busque um encontro verdadeiro com o seu "eu",
descubra o que realmente lhe faz feliz,
para que alguém possa se aproximar e ao invés de migalhas,
possa lhe oferecer um jantar com luz de velas e música,
um banquete completo, com tudo o que você sempre sonhou,
do tamanho exagerado da felicidade que você merece,
apenas completando o que você já tem de sobra: amor!
 
Paulo Roberto Gaefke

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Hoje é o seu dia

Você se preparou para viver o dia de hoje?

As coisas mais importantes da vida somente são valorizadas depois que passam ou se as perdem.

A saúde, o sono, a razão, os fenômenos digestivos, os órgãos dos sentidos, os movimentos, são tesouros colocados por Deus a seu serviço.

Portanto, cuidado com esses tesouros.

Está disposto a recomeçar hoje aquele projeto que fracassou ontem?

O aparente fracasso é a forma pela qual a divindade ensina você a corrigir a sua maneira de atuar, facultando-lhe repetir a experiência com mais sabedoria.

A vida é constituída de lições que se repetem até se fixarem corretamente.

Hoje você tem problemas para resolver que parecem insolúveis?

Considere o seguinte:

Primeiro: ninguém vai resolvê-los por você.

Segundo: você só vai resolvê-los se se dispuser a enfrentá-los.

Terceiro: é preciso equacionar os seus problemas, um de cada vez, até resolvê-los todos.

Quarto: não sobrecarregue os outros com as suas queixas, reclamações e problemas.

Você sentiu uma ponta de mau humor hoje?

Lembre-se: a irritação é o "espinho" cravado nas "carnes" da emoção, que deve ser retirado.

Quanto mais permanece, mais piora o estado de quem o conduz, gerando "infecções" duradouras e perniciosas.

Está na iminência de se desesperar?

Lembre-se, ainda:

O homem deve treinar coragem e resignação. Sem esses valores ele permanece criança espiritual.

Deixe-se conduzir pelas ocorrências que não pode mudar, e altere com amor aquelas que irão lhe beneficiar.

Deus é Pai misericordioso e vela por você.

Você se exercitou para o perdoar hoje?

O perdão real é sempre acompanhado pelo esquecimento do mal recebido. Quem guarda rancor, coleciona lixo moral.

Você já abraçou seu filho hoje, dizendo-lhe o quanto o ama?

Eles necessitam de oportunidade e de amor para alcançar o triunfo. Abençoa o seu filho com as suas palavras e conduta, fazendo-se amigo dele em todas as situações.

Você já orou hoje?

Não desconsidere o valor da oração. O corpo necessita de alimento adequado para manter-se. Assim também o espírito, que é a fonte de vitalização da matéria.

Na prática, você é o senhor da sua cabeça e do seu dia. Você decide como gostaria que hoje fosse.

Decida e trabalhe por isso. Quem quer faz, não manda fazer.

A água não ocupa mais espaço do que realmente necessita. Por isso equivale à moderação.

Nesses dias agitados, a angústia caminha com o homem disfarçada de medo, de ansiedade, de sentimento de culpa.

Naturalmente, as pressões a que todos estamos sujeitos respondem por tal situação.

A ansiedade pelo prazer exorbitante frustra; os fatores agressivos amedrontam, e a timidez encontra uma forma de levar ao complexo de autopunição.

Afaste da mente esses fantasmas responsáveis por males inumeráveis.

Você é filho de Deus, por ele amado, protegido e abençoado.

Não se afaste de suas leis e se se enganar em alguma ocasião, ao invés de se entregar a conflitos desnecessários, retorna ao caminho do dever, sem receio algum.

Lembre-se sempre da afirmativa de Jesus: "eu sou o caminho, a verdade e a vida."

Lembre-se, ainda: hoje é o dia! O seu dia!

Pense nisso!

Muitas enfermidades do corpo procedem do espírito danificado pelos conflitos da emoção ou pelo ácido das imperfeições morais.

Não bastará dormir, dar descanso ao corpo, se você permanecer emocionalmente inquieto, ansioso!

Pense nisso e aproveite bem o dia de hoje, que é o seu dia.

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita

terça-feira, 24 de maio de 2011

O que o amor faria agora?

Tantas são as vezes em que metemos os pés pelas mãos e, levados pelo ego, pomos a perder o que temos de mais precioso; como, por exemplo, um relacionamento sincero e verdadeiro, que muitas vezes nos custou a construir.

Na verdade, somos inábeis em lidar com nossas desavenças, com nossas contrariedades, com o fato de alguém “se atrever” a pensar, ou agir, de modo diferente do que queremos ou pensamos. É muita prepotência nossa!… E que custa muito caro.

Quando, em nossos relacionamentos, fechamos o olhar sobre o nosso próprio umbigo, optamos por abrir mão de uma visão mais completa de qualquer situação. E deixamos de encontrar a melhor solução para as nossas desavenças e desafios.

Quem disse que temos razão sobre tudo? E, mesmo se tivéssemos, o que seria mais importante: mostrar que temos razão, ou ser feliz?

Precisamos aprender a usar o amor como um peso que pende a balança da vida para o lado da felicidade. Precisamos usar o amor como o fator que decide cada passo que daremos, cada pensamento que esboçaremos, cada sentimento que expressaremos.

Então, que tal passar a colocar o amor como o juiz que baterá o martelo em todas as questões da sua vida? Que tal se, frente a toda e qualquer situação, você se perguntar sempre “O que o amor faria agora?”, antes de tomar a sua decisão?

Experimente:

Na próxima vez em que seu companheiro se mostrar não muito gentil com você, antes de devolver na mesma moeda, pergunte a si mesmo: “O que o amor faria agora?”;

Da próxima vez em que seu filho desobedecer uma ordem sua e você sentir ímpetos de aplicar-lhe um bom castigo, antes pergunte a si mesmo: “O que o amor faria agora?”;

Quando um colega de trabalho cometer um erro que prejudique o projeto de sua equipe, antes de condená-lo, pergunte a si mesmo: “O que o amor faria agora?”;

Quando sua esposa reclamar que há muito tempo você não lhe dá flores, antes de responder mal-humorado e injuriado, pergunte a si mesmo: “O que o amor faria agora?”;

Quando alguém o tratar mal e você não reagir, antes de ficar se remoendo por se considerar um idiota, pergunte a si mesmo: “O que o amor faria agora?”;

Quando você acordar de mau humor, disposto a levantar estourando com todo mundo, e candidatando-se a ter um péssimo dia, dê a si mesmo o benefício de perguntar: “O que o amor faria agora?”;

Caso você não tenha ainda compreendido “em que isso muda as coisas” e esteja se sentindo frustrado, pare um pouco agora mesmo e se pergunte: “O que o amor faria agora?”;

Tenho certeza que você já entendeu sobre o que estamos conversando. O amor é o que nos move a cada momento. Apenas, na maioria das vezes, não o reconhecemos. Então, quando damos a ele a chance de se manifestar e se mostrar em nossa vida, ele comparece em todo o seu esplendor, mudando nossa vida para melhor.

Normalmente, somos cegos a tudo o que temos de bom em nossa vida. E nos atraímos pelos alardes das dificuldades que vivemos. Por isso, nos tornamos infelizes.

Felicidade é deixar que o amor seja o condutor de nossa vida. É buscar o amor a cada momento, de maneira consciente e confiante.

Por isso, não importa qual seja a situação pela qual você tenha de passar – seja grande ou pequena, simples ou complexa, boa ou ruim −, para decidir sobre ela, pergunte antes a si mesmo: “O que o amor faria agora?”.

Não há como errar, quando o amor está em seu coração e é o seu auxiliar nos momentos de decisão.

Gilberto Cabeggi

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Os sete principios de André Vermeulen

1. Estimule-se fisicamente. Mova-se. Dance, faça exercício aeróbico, nade, jogue tênis, futebol. Faça exercícios de lateralidade, por exemplo, com a mão esquerda toque sua orelha direita e com a mão direita toque seu nariz. Agora vice-versa e repita várias vezes até dominá-los.

2. Tome oito copos de água. De acordo com os especialistas, isso não é opcional, é obrigatório se quisermos que nosso cérebro funcione de uma maneira ótima. E se estamos estressados, devemos aumentar para 16 copos de água ao dia. 90% do volume de nosso cérebro é composto por água e é o principal veículo das transmissões eletroquímicas.

3. Oxigenize-se. Faça exercício, caminhe diariamente. Antes de uma reunião importante ou de um trabalho que necessite de concentração respire fundo. Respire em 4 tempos, segure o ar em 16 e exale em 8. O doutor Otto Warburg, Prêmio Nobel de Fisiologia, fez uma experiência na qual conseguiu converter células sãs em malignas, através do simples procedimento de reduzir-lhes o oxigênio. Fique rodeado de plantas. Sabia que uma só planta pode remover partículas contaminadas do ar em um espaço de 9 metros quadrados? As plantas aumentam a ionização negativa do ar e o carregam de oxigênio, aumentando nossa produtividade em 10%. Algumas plantas como as dálias provaram ser as melhores para isso.

4. Consuma alimentos para o cérebro. É conveniente para o cérebro que comamos cinco porções de fruta e verduras ao dia, sementes, alho, grãos completos, cogumelos, azeite extra-virgem e proteínas. O peixe literalmente proporciona a formação de novas células nervosas.

5. Pense positivamente. Os pensamentos negativos geram químicos que bloqueiam a conexão entre os neurotransmissores. Como dizia Henry Ford: "Se pensas que podes o que não podes, sempre estarás com a razão".

6. Escute música barroca. A música é a porta para terrenos interiores; chega a lugares fora de nosso alcance. Ajuda a criatividade, a expressão pessoal. Facilita o aprendizado. Um fazendeiro comprovou que ao colocar música barroca para suas vacas, houve um aumento na produção de leite e de glóbulos brancos.

7. Libere seu cérebro. Se não o usarmos, o perderemos. Jogue xadrez, resolva palavras-cruzadas, aprenda a tocar um instrumento, faça matemática, viaje a lugares novos, vá a exposições de arte, leia, estude algo. Escreva e desenhe com as duas mãos. Abra sua mente a novas experiências e formas de pensar. Tudo isso faz com que o cérebro funcione melhor.

Podemos concluir que neste chamado "Milênio da Mente", a única maneira de ser competitivo e manter um equilíbrio em nossas vidas, é alimentar o espírito e é não trabalhar demais, e sim trabalhar melhor.

Aconchegado em ti mesmo

Se tiveres necessidade de sentir alegria tens que entender que é a tua própria sede que o levará à fonte onde a mesma jorra sem limites.

Se tiveres necessidade de não sentir a escuridão envolvendo-te, dando a certeza de que é o teu destino estar selado a ela, procura o que em ti arde em luz e lá estabelece tua conexão.

Se tiveres o medo como o teu guia, aprende que a mente pode enganar-te.

Procura, pois, pelo teu coração e este saberá como proceder, pois em sua sabedoria, reconhece o medo como uma grande ilusão.

Se tiveres espaços vazios dentro de ti que te causam sofrimento e uma sensação estranha de estares perdido, alimenta apenas o que de bom a vida te oferece; para então, poder sentir que as bênçãos, dia a dia, são tuas e são muitas.

Se te sentes sozinho, física e espiritualmente, aconchega-te em ti mesmo...

E vê, não há melhor companhia para estares, pois ai encontra-se o maior tesouro que te foi dado quando iniciastes esta jornada que atende pelo nome de vida.

Portanto, vai contigo, vai com o teu coração, com a tua clareza, coma tua sede de ser feliz.

E lembra-te de não descansar teus olhos nas águas que já se foram.

Alinha tua atenção naquilo que estás a viver agora, neste momento.

Pois é o único espaço onde podes, e deves, usufruir de ti mesmo, de todas as possibilidades que existem para que sejas verdadeiramente feliz.

sábado, 21 de maio de 2011

A força do silencio

Tenho aprendido com a vida, nem sempre de maneira fácil e indolor, que embora as palavras precisem ser usadas de forma correta para serem bem interpretadas e eficazes, o poder do silêncio é, talvez, muito maior do que a força que elas possam ter.
 
Falar com alguém ajuda, quando o outro está pronto pra receber o que lhe dizemos e disposto a nos ouvir. Quando nos antecipamos a isto, ao invés de ajudarmos, estaremos, sem querer, construindo uma barreira de antagonismo que vai nos afastar ainda mais dele.
 
Já, ouvir o outro, colocando-nos em silêncio o mais possível, numa atitude interessada e presente, ajuda muito, a qualquer um que de nós se aproxime. Esta atitude constrói pontes entre eu e o meu companheiro de bate-papo. Existe coisa mais confortante do que ser escutado atenciosamente por alguém em quem confiamos?
 
Aquele que escuta precisa ser humilde o suficiente para compreender e acreditar que todas as pessoas merecem crédito, embora às vezes não pareça. Necessita respeitar as diversas opiniões e formas de viver que existem, num mundo onde cada pessoa é um universo único e rico de experiências nem sempre semelhantes às nossas.
 
Quem escuta se conserva em silêncio, mas precisa abrir o coração para aquele que está se entregando a ele, na esperança de ser compreendido, aceito e estimulado, muitas vezes.
 
Assim, falar sempre não nos leva a bons resultados. O silêncio pode tomar o lugar de uma quantidade enorme de palavras que não precisariam ser ditas, ou não deveriam sê-lo, respeitando-se a situação emocional de quem nos fala.
 
E está tão difícil a gente encontrar alguém que se disponha a nos ouvir... Apenas isto. Muitas vezes precisamos pagar a um terapeuta, para que isto aconteça em nossas vidas.
 
A beleza do silêncio, a força que se encerra nele, quando vivemos numa sociedade tão barulhenta, tão violentamente ruidosa, é considerável!
 
Para sermos reconhecidos como pessoas inteligentes, que valem alguma coisa, muitas vezes falamos, discutimos, declaramos o que sabemos sobre os mais variados assuntos e neste falatório sem fim, nos percebemos sustentando opiniões até antagônicas à nossa verdadeira forma de ser, apenas para que inteligentemente possamos ganhar uma discussão... Com o prejuízo, muitas vezes, de uma amizade, que naquele momento se desfaz, ou fica abalada, o que não aconteceria se pudéssemos nos conservar em silêncio.
 
Silenciar também é uma forma de resposta. Quando seríamos agressivos demais falando, o silêncio nos poupa de dissabores futuros. Sorrindo, no silêncio, podemos acalentar, talvez, muito mais alguém, do que discorrendo todas as nossas teorias sobre qualquer assunto.
 
E o silêncio está em falta! Em torno de nós, nas nossas vidas, nas nossas mentes que teimam em estar sempre buliçosamente indo e vindo sobre o mesmo assunto, tirando-nos a paz que merecemos para sermos felizes.

Quando li a biografia de Gandhi, uma passagem ficou gravada em mim, como importante. Ele reservava um dia por semana para fazer o jejum das palavras e mesmo quando era convidado por alguém, ou por alguma instituição para se pronunciar naquele dia, se esquivava de fazê-lo, para não quebrar a sua disciplina, considerada por ele muito importante.
 
A gente fala tanto e muitas vezes não diz nada, ou diz muito pouco...
 
E o silêncio sobre o que soubemos de outras pessoas, geralmente coisas desabonadoras? Será que é fácil para nós mantermos o silêncio sobre os erros e defeitos dos outros?
 
Silêncio... Uma pausa mais do que necessária para que possamos manter a nossa paz interior, mesmo quando o ruído em torno é constante. Silêncio como pano de fundo para palavras realmente significativas e necessárias. Silêncio como pausa entre momentos de nossas vidas. Descanso e fortalecimento de nossos ideais e crenças. Ponte para o encontro de nós mesmos, no que somos em essência. O silêncio nos permite ser, com mais verdade!

Maria Cristina Tanajura

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A beleza verdadeira

A Beleza Verdadeira se apresenta aos sentidos, independente dos olhos. Ela pode ser traduzida em falas, olhares, pensamentos ou gestos suaves.

É a veracidade do Amor para ajudar um amigo a se reerguer de um problema, ou simplesmente, para apenas apreciar a Natureza das coisas.

A Beleza Verdadeira não se mostra porque não quer ser mostrada. Ela é reconhecida individualmente por qualquer um que tenha os olhos abertos à Vida.

A Beleza Verdadeira se instala naqueles que nunca a buscaram como meta para se escolher algo, apenas sabem dela por sentirem a Paz em seus corações.

Essa Paz invade o peito, como um silencioso mar, que inunda os sentidos num doce e belo amar...

A Beleza Verdadeira não sabe chamar a atenção, pois não foi feita para se ostentar ou se exibir, mas para exaltar a grandeza da Alma de Deus, através dos “olhos” de quem a vê.

A Beleza Verdadeira está em você, em mim, em toda parte querendo sair e contemplar o mundo... através dos “olhos” de Deus, que pode ser o seu, o meu o dele, o nosso... Infinita, pois, é a Beleza Verdadeira.

Hellen Katiuscia de Sá

sábado, 14 de maio de 2011

Tomara

Tomara que a neblina das circunstâncias mais doídas não seja capaz de encobrir por muito tempo o nosso sol. Que toda vez que o nosso coração se resfriar à beça, e a respiração se fizer áspera demais, a gente possa descobrir maneiras para cuidar dele com o carinho todo que ele merece. Que lá no fundo mais fundo do mais fundo abismo nos reste sempre uma brecha qualquer para ver também um bocadinho de céu.

Tomara que os nossos enganos mais devastadores não nos roubem o entusiasmo para semear de novo. Que a lembrança dos pés feridos quando, valentes, descalçamos os sentimentos, não nos tire a coragem da confiança. Que sempre que doer muito, os cansaços da gente encontrem um lugar de paz para descansar na varanda mais calma da nossa mente. Que o medo exista, porque ele existe, mas que não tenha tamanho para ceifar o nosso amor.

Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes. Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito. Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de busca a ideia da alegria.

Tomara que apesar dos apesares todos, dos pesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão da felicidade.

Tomara.

Ana Jácomo

domingo, 8 de maio de 2011

Ao longo da estrada

Eu sei que às vezes é quase irresistível não dar trela àquela voz traiçoeira, nossa velha conhecida, que nos incita a desistir dos nossos sonhos com ares de quem propõe a coisa mais bacana do mundo. Não nos esparramarmos, doídos pra caramba e também com um algum conforto, na autopiedade, essa areia movediça ávida por engolir nosso lume.

Eu sei que às vezes é quase irresistível não desdobrar a lista de decepções que mantemos atualizada com zelo de colecionador para nunca nos faltar matéria-prima pra lamúria. Não relembrar sem economia de minúcias cada frustração vivida com o olhar amarrado e a tristeza viçosa que só fazem aumentar a dor da vez.

Eu sei que às vezes é quase irresistível não eleger um algoz e acentuar um pouquinho mais as nossas feições sofridas para as novas poses do nosso álbum de vítima. Não nos responsabilizarmos pela parcela de participação que nos cabe em boa parte das encrencas em que nos metemos, e que, se olharmos com olhos lúcidos, de preferência também lúdicos, às vezes nem é tão pequena como é mais fácil acreditar.

Eu sei que às vezes é quase irresistível não ficar morando na dor como se dor fosse casa de veraneio. Não arriscar um passo fora do terreno da nossa desesperança porque sentimos que nos sobra cansaço e nos faltam pernas. Eu sei que às vezes é quase irresistível. Eu sei que às vezes a gente não consegue mesmo resistir. E sei que quando não resistimos, está tudo bem: esse lugar também passa.

De apelo a apelo, vamos caindo e levantando ao longo da estrada, apurando o coração para tornar muito mais irresistível o nosso amor paciente e generoso por nós mesmos. Para desdobrar com maior frequência, na memória, a lista que conta as conquistas todas de que já fomos capazes, nós que tantas vezes parecemos tentar desmentir as nossas pérolas.

De apelo a apelo, vamos caindo e levantando ao longo da estrada, apurando o coração para fazer valer, na prática, o nosso respeito à oportunidade inestimável de estarmos aqui. A nossa intenção de não desperdiçar esse ouro que é o tempo, essa maravilha que é o corpo, essa graça que é a vida. Essa que, se olharmos com olhos lúcidos, de preferência também lúdicos, sempre inventa maneiras para se vestir de convite irrecusável de novo.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Doçura

O viajante caminhava pela estrada, quando observou o pequeno rio que começava tímido por entre as pedras.

Foi seguindo-o por muito tempo. Aos poucos ele foi tomando volume e se tornando um rio maior.

O viajante continuou a segui-lo. Bem mais adiante o que era um pequeno rio se dividiu em dezenas de cachoeiras, num espetáculo de águas cantantes.

A música das águas atraiu mais o viajante que se aproximou e foi descendo pelas pedras, ao lado de uma das cachoeiras.

Descobriu, finalmente, uma gruta. A natureza criara com paciência caprichosas formas na gruta. Ele a foi adentrando, admirando sempre mais as pedras gastas pelo tempo.

De repente, descobriu uma placa. Alguém estivera ali antes dele. Com a lanterna, iluminou os versos que nela estavam escritos. Eram versos do grande escritor Tagore, Prêmio Nobel de Literatura de 1913:

Não foi o martelo que deixou perfeitas estas pedras, mas a água, com sua doçura, sua dança, e sua canção. Onde a dureza só faz destruir, a suavidade consegue esculpir.

* * *

Assim também acontece na vida. Existem pessoas que explodem por coisa nenhuma e que desejam tudo arrumar aos gritos e pancadas.

E existem as pessoas suaves, que sabem dosar a energia e tudo conseguem. São as criaturas que não falam muito, mas agem bastante.

Enquanto muitos ainda se encontram à mesa das discussões para a tomada de decisões, elas já se encontram a postos, agindo.

E conseguem modificar muitas coisas. Um sábio exemplo foi de Madre Teresa de Calcutá.

Antes dela e depois dela tem se falado em altos brados sobre miséria, fome e enfermidades que tomam comunidades inteiras.

Ela observou a miséria, a morte e a fome rondando os seus irmãos, na Índia. Tomou uma decisão. Agiu. Começou sozinha, amparando nos braços um desconhecido que estava à beira da morte nas ruas de Calcutá.

Fundou uma obra que se espalhou, com suas Casas de Caridade, por todas as nações.

Teve a coragem de se dirigir a governantes e homens públicos para falar de reverência à vida, de amor, de ação.

Não gritou, não esbravejou. Cantou a música do amor, pedindo pão e afeto aos pobres mais pobres.

Deixou o mundo físico mas conseguiu insculpir as linhas mestras do seu ideal em centenas de corações. Como a água mansa, ela cantou nos corações e os conquistou, amoldando-os para a dedicação ao seu semelhante.

* * *
Há muito amor em sua estrada que, por enquanto, você não consegue valorizar...

Busque se aplicar no dom de ver e, vendo a ação da presença do Criador, que é amor, na expressão mais alta, como conceituou o Apóstolo João, faça de sua passagem pelo mundo um dia feliz.

Se você espera ser útil e desaprova a paralisia do coração, procure amar, porque todos os mistérios da vida e da morte se encontram no amor... pois o amor é Deus!

Redação do Momento Espírita
 com pensamento finais do cap. 22 do livro Rosângela,
pelo Espírito homônimo, psicografia de Raul Teixeira

domingo, 1 de maio de 2011

Mais difícil

Depois que realizamos uma varredura em nossos valores e descobrimos o que não nos serve mais para a vida atual, é preciso que se inicie o processo de mudança. Os textos anteriores, 'Alfabeto da Mudança', 'Observar-se' e 'Se Observar' nos fornecem informações suficientes para podermos avaliar nosso estágio atual.

Precisa ficar claro, portanto, que Mudar significa Agir.

Nas Leis Universais tem uma que é fantástica: nada que ignoremos em uma vida, nos é cobrado e não precisaremos responder se cometemos equívocos.

Porém, não podemos alegar desconhecimento sobre o que sabemos, ou dar a famosa desculpa: Olha, eu esqueci...

O Cosmos e as Leis do Universo não esquecem.

Desta forma, é muito importante que tenhamos plena consciência do que faremos com o conhecimento que temos...

Já cruzei com muitas pessoas que estudam, lêem, são ávidas de conhecimento e não percebem que continuam as mesmas em seus valores, e conseqüentes pensamentos e atitudes.

Aos poucos vão perdendo a vontade de viver, tornam-se depressivas, eremitas e logo começam a buscar os "culpados" pela situação em que se encontram.

É óbvio que eles nunca são os responsáveis. Querem, a qualquer custo, achar um "bode expiatório" para poderem jogar a culpa nele.

Eles nunca são os responsáveis...

Afinal, não são eles que dormem, acordam, comem, resolvem fazer coisas, passeiam, sorriem, falam, andam, comentam, estudam, ficam ativos ou ociosos, enfim, decidem sobre o rumo de suas vidas.

Ora, não percebem, assim, que a vida é Causa (sempre somos nós que criamos) e Efeito (retorno daquilo que plantamos).

Na realidade, a maioria foi treinada e acredita que tudo acontece porque um ser supremo assim quer. MENTIRA. Tudo acontece porque nós fazemos acontecer. Nós tomamos atitudes. Nós manifestamos nossa vontade.

Não adianta errar, achar que alguém vai nos perdoar e assim estaremos aptos para em seguida errar novamente...

Portanto, é fundamental termos consciência de que há uma coisa em nossas vidas que dinheiro nenhum consegue comprar:

A EVOLUÇÃO DE NOSSA ESSÊNCIA.

Isso posto, depois que analisarmos os nossos valores e descobrirmos que alguns não nos servem mais.

Evoluímos, portanto.

Demos alguns passos a nosso favor e atualizamos nossa mente.

Na sequência, vem a tarefa mais difícil: MUDAR.

Todos buscam mudar, mas se esquecem que neste processo é preciso MATAR, eliminar, hábitos e vícios que nos acompanham dias, meses e anos a fio...

É muito difícil. É tremendamente complicado este processo porque facilmente confundimos energia com matéria. Na matéria, as coisas são imediatas. Compramos, levamos, usamos e pronto. Feita a mudança.

Não se pode desanimar com os tropeços que fatalmente virão, afinal, levamos uma vida inteira errando e não podemos achar que mudar acontece de uma hora para outra. Exige muito esforço.

No processo que envolve ENERGIA é muito mais complicado. Mais que uma simples safra de soja ou milho. Não se trata de escolher a terra, adubar, semear, esperar que chova, aguardar crescer e depois colher.

No processo de mudança que envolve energia, temos inúmeras variáveis que precisam ser consideradas.

Em energia, o tempo é efêmero.

Em energia, o que o outro ser humano pensa atrapalha.

Em energia, contar para os outros ajuda a atrasar a mudança.

Em energia, a dúvida é pior que cupim na madeira.

Em energia, crer é fundamental.

Em energia é preciso ter fé para se conseguir.

Em energia o "segredo" é manter segredo. Portanto, azar das comadres e compadres.

Por isso que o ser humano que se posiciona como vitima dificilmente consegue crescer. Ele tem um carro a gasolina e abastece com álcool.

Poderíamos acrescentar mais exemplos, mas cada caso é um caso. Como o meio em que o ser vive e a família em que ele escolheu nascer. Não há regra geral. A evolução é singular.

Exemplos genéricos não resolvem, cada um tem que buscar em suas atitudes passadas.

Tá ruim? Olhe para trás e perceba onde errou.

Quer mudar? Comece, então, a maior batalha de sua vida...

Terá que derrotar seu maior inimigo:

Você mesmo... Com seus hábitos e vícios que já não lhe servem mais.

Isso é muito complicado, porque você foi adestrado a obedecer um super ser. Tem que perder esta muleta para aprender a tomar suas próprias decisões.

Porém sempre há um alento:

"A experiência pessoal é o nosso melhor MESTRE".

Saul Brandalise Jr.